“Sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só,
mas sonho que se sonha junto é realidade.”
Raul SeixasTecnologia é um recurso que faz sonhar. Quando vemos uma novidade tecnológica, ficamos fascinados, imaginando o que poderíamos fazer com aquele recurso. Também pensamos como será o futuro, agora que o presente parece estar tão diferente.
Mais ou menos 30 anos atrás, Seymour Papert já teve seus sonhos a respeito dos efeitos da informática sobre a Educação. Imaginava os computadores pessoais como ferramentas de aprendizagem. Para ele, “o computador é importante por dar autonomia intelectual ao aprendiz a partir dos primeiros anos de escolarização e, assim, tornar a criança menos dependente de adultos como provedores de informação. Ademais, para ser eficaz na escola, o computador, segundo Papert, deveria ser como livro e caderno, sempre disponíveis” (Cysneiros, 2008).
Exatamente agora que vislumbramos a possibilidade de cada aluno ter seu próprio computador, resolvemos descobrir com o que sonham as crianças quando o assunto é tecnologia e Educação. Aproveitamos o momento do fascínio dos alunos de 10 anos de uma escola pública e de duas escolas particulares de dois estados brasileiros diante da presença constante do computador em sala de aula para lhes perguntar como imaginam as escolas do futuro. Os resultados revelam uma compreensão profunda a respeito da função da tecnologia para a Educação.
A primeira reação dos alunos que tiveram a surpresa de ter um computador à sua disposição na sala de aula, algo que nunca haviam presenciado, foi pensar em outros recursos que poderiam fazer parte da sua rotina escolar. Na sua imaginação, colocam computadores nos mais variados locais da sala de aula. Imaginam máquinas fantásticas, elevadores ultrapossantes e muitas outras geringonças elaboradas.
Os alunos também pensam nas outras crianças que ainda não têm computadores para usar nas aulas e mencionam que será bom quando todas puderem ter um computador para si na escola. Na sua imaginação, é muito simples cada criança ter o seu.
Dando mais liberdade aos seus sonhos, os alunos aproveitam para retirar da sala de aula aquilo que lhes desagrada. Eliminam o quadro-de-giz e colocam um superlaptop em seu lugar. Um sonho bem próximo da lousa digital, que já foi criada em outros sonhos. Já os alunos mais pé-no-chão eliminam cadernos e borrachas, exatamente o material que adoraram deixar de lado enquanto usavam os computadores. Percebe-se que sonham com trabalhos escolares mais bem acabados, sem pó de giz, sem textos e desenhos rascunhados, sem re-escrituras e re-facções, mas com edição.
O mais interessante é que, pensando um pouco mais, os alunos descobrem que a Educação não se limita à instalação de equipamentos maravilhosos na escola. Lembram-se de outros aspectos humanos ligados a ela, que definitivamente não sairiam da escola mais equipada do mundo: professores, colegas e aula de Educação Física. Essa constatação revela que, mesmo com a experiência de uso de computadores individuais, os alunos não idealizam um processo educativo individualista ou sedentário.
Por fim, os estudantes revelam o que melhoraria na escola com a tecnologia. Esse é o aspecto mais revelador do seu sonho, pois aponta para a experiência que efetivamente tiveram com a tecnologia e que imaginam que será potencializada no futuro. A grande maioria dos alunos acredita que, com tecnologia, haverá mais aprendizagem. A tecnologia também é associada a alunos mais alegres e a uma escola mais divertida, avançada, inteligente, criativa e interessante.
Os alunos de escolas públicas acrescentam que as escolas serão mais bonitas e prepararão para o mundo profissional. Acima de tudo, afirmam que são eles que vão fazer todas essas mudanças acontecerem e pretendem ser professores nessa nova escola.
De fato, este mundo de sonho realmente experimentado por 150 crianças está muito próximo daquele imaginado pelos grandes pensadores da Educação durante os últimos séculos. Um mundo repleto de aprendizagem, que é o principal papel da escola, e com muita interação, alegria e criatividade.
*Agradeço aos alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo/SP, do Instituto GayLussac, de Niterói/RJ e do Colégio E. M. Leodete Silvério Loi, de Barretos/SP pela contribuição valiosa que resultou neste artigo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CYSNEIROS, P. G. Prefácio à edição revisada brasileira. In: PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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Betina von Staa é coordenadora de pesquisa em tecnologia educacional e articulista da divisão de portais da Positivo Informática. Autora e docente de cursos on-line para a COGEAE, a Fundação Vanzolini e o UnicenP, é doutora em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC-SP
sábado, 17 de outubro de 2009
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7 comentários:
Parabéns pelo seu Blog, colega!!!
O conteúdo está ótimo e o visual muito atraente. Tenho que continuar o meu, que está parado há algum tempo.
Bjs e sucesso!!!
Maria do Carmo
Parabéns pelo seu Blog, colega!!!
O conteúdo está ótimo e o visual muito atraente. Tenho que continuar o meu, que está parado há algum tempo.
Bjs e sucesso!!!
Maria do Carmo
Oi Maria! Obrigada pela visita!
Volte sempre!
Olá????Vim conhecer seu cantinho.Adorei...realmente o texto fala de algo importante na vida dos seres humanos o sonho,com certeza se não vislumbrarmos alguns sonhos a vida fica sem sentido,principalmente nós educadores.
Bjs querida.
Olá,
Parabéns!!
Seu blog está ótimo,a vida é um sonho na qual não podemos deixar de viver!!Cabe a cada um fazer torna-los reais ou não!!
Bjs
Parabéns pelo Blog
Uma alternativa para um perfeita inclusao digital, respeitando-se o aluno (veja tambem o site )
www.inclusaodigitalinteligente.com.br
Olá! Estou muito feliz com a presença de vocês aqui no nosso espaço. Sejam bem vindos e voltem sempre.
Um beijo para todos vocês.
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